quarta-feira, 30 de junho de 2021

Esclimont: um castelo de sonho
para um numeroso grupo de famílias

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O castelo de Esclimont, entre Versalhes e Chartres, a oeste de Paris, é uma jóia que brilha em todo o seu esplendor com as vestes do outono.

O que outrora fora um frio, triste e insalubre pântano transformou-se, pelo trabalho humano, em um recanto paradisíaco.

Originalmente medieval e guarnecido por poderosas torres de pedra erguidas para o combate, o edifício transformou-se na Renascença em château de plaisance, onde se pode levar uma vida agradável.

Em sua entrada norte ostenta ainda, em baixo relevo, a figura equestre de Francisco de La Rochefoucauld (séc. XVII), cuja célebre família o possuiu e ocupou até 1968.

Sua conformação atual conserva os traços de uma restauração e reforma realizada no século XIX.

Pertence atualmente a uma cadeia de hotéis de charme, que o mantém com bom gosto.
Um castelo como esse servia apenas para fruição dos seus proprietários?


Essa será talvez a pergunta de algum nosso contemporâneo, picado pela mosca do igualitarismo tão difundido em nossos dias.

Tal ideia, porém, não confere de modo algum com a realidade histórica.

Os castelos foram sempre, primordialmente, um estabelecimento militar de defesa contra os ataques inimigos.

Só um rei ou um senhor feudal importante era dotado de recursos suficientes para erguer um castelo. Era por isso uma exclusividade da nobreza de espada.

Só na Renascença o poder do dinheiro dos financistas, banqueiros, comerciantes e altos funcionários do Estado propiciou a estas categorias adquirirem castelos.

E, como consequência, permitiu que eles fossem transformados em habitações agradáveis.

Ainda assim, é preciso considerar que muitos proprietários oriundos da burguesia ascendiam legitimamente a patamares mais altos da sociedade, do mesmo modo como artesãos podiam subir até a burguesia.

Na realidade, a ideia da fruição e do gozo da vida aparece mais tarde entre os novos-ricos que fizeram fortuna durante a revolução industrial, ou em jogadas financeiras (muitas vezes com cartas marcadas) nas grandes crises como as que se sucederam às duas grandes guerras mundiais do século XX.

Entretanto, os castelos não existiam para essa função hedonista, difundida pelo cinema e pela literatura. Ao contrário, eles eram antes de tudo um bem de raiz que dava segurança e estabilidade a uma grande família.


Função social do castelo


E a vida de castelo exercia uma verdadeira função social junto à população plebeia que o cercava, protegendo-a e proporcionando-lhe meios de subsistência, numa harmonia que tinha muito de suas origens nas antigas sociedades patriarcais.

Se considerarmos que os agregados de um castelo em geral eram tratados como membros da família, devemos ampliar o sentido deste vocábulo.

O administrador, o mordomo, as cozinheiras, as arrumadeiras, as babás, o porteiro, os cocheiros, os lavradores, os lenhadores… enfim todos os agregados faziam parte da unidade familiar: dependiam da mesma propriedade, viviam dos mesmos recursos do castelão e de suas terras, numa relação tipicamente familiar.


Por isso mesmo, um castelo habitualmente estava junto a uma aldeia ou vila, cujos habitantes, em grande parte, tinham seu ganha-pão como empregados da propriedade castelã.

Nem mesmo o ódio sanguinário da Revolução Francesa conseguiu extinguir totalmente esse relacionamento belamente paternal que em algumas regiões perdurou até o século XX.


Repositório das riquezas culturais do passado e inspiração para o futuro


O castelo costumava ser também um escrínio natural onde se conservavam as tradições locais: costumes, festas, hábitos, pratos típicos, artesanato local etc.

Em outras palavras, era um repositório das riquezas culturais do passado e uma fonte de inspiração para o futuro.

Numa outra ordem de cogitações, um belo castelo alimenta o sonho, sem o qual a vida não tem sentido.

Ele simboliza a morada ideal para a qual todos fomos criados, e nesse sentido representa, de algum modo, o Céu.

(Autor: Gabriel J. Wilson, apud CATOLICISMO).



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2 comentários:

  1. O mais fantástico de tudo foi quando,no reinado de Filipe IV da França,o rei cercou-se de burgueses para os membros do Conselho, e esse ato levou a uma vingança de nobres como Roberto D'Artois III e desencadeou a Guerra dos Cem anos(1337-1453)...já era a nobreza reagindo por sentir seu poder decair...
    Bjos de fadas...
    http://lulopesfada.blogspot.com.br

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  2. Joana Benedita de Lima Moraes12 de março de 2014 às 13:38

    Lindo!! Mais uma história interessante. Amei...Obrigada! Curto muito isso!

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